TEIA


Esse projeto visa a continuidade das atividades realizadas pelo Coletivo TeiaMUV que atua com Intervenção Urbana desde 2007. O coletivo é formado por cinco mulheres, graduadas pela Escola de Dança da UFBA, com formações artísticas diversas: Teatro, Circo e Performance. Nosso foco de investigação artística se volta para atuações reflexivas sobre a relação do corpo na cidade, inicialmente nos centros históricos, e para as questões urbanísticas implementadas, como foi o caso das nossas ações sobre/na Comunidade da Rocinha-Pelourinho/2008. Dessa maneira, sempre buscamos atuar em comunidades ditas “invasões” nos grandes centros urbanos, propondo pra esses espaços ações interativas e ou visuais de questões inerentes a estética política do local.

Sob essa ótica, no inicio de 2010, estivemos nas cidades de Recife e São Luis do Maranhão com o apoio da FUNARTE e continuamos no viés das questões relativas a território e abrigo, dando visibilidade a importância do lixo na construção dos barracos nas favelas a partir do reaproveitamento dos restos de material de construção (heteróclitos), tão bem descritos no livro “Estética da Ginga” de Paola Jaques Berenstein.
Para tanto, propusemos, em abril de 2010, a construção de uma casinha inteiramente arquitetada com garrafas PET, dentre outras matérias encontradas no lixo, com o projeto intitulado TRANSbarroc – Calendário de Apoio – FUNCEB -  espaço que serviu de suporte para exposições de fotos e vídeos de nossa (deriva pelo nordeste) performances. Este lugar propunha uma ampla possibilidade de reflexões e articulações sobre a produção e o reaproveitamento do lixo e, os problemas relativos à falta de moradia, gerando os abrigos improvisados.

Nosso processo de criação tem como metodologia a deriva cartográfica nos espaços que desejamos imersão. O que nos levou a participar de laboratórios urbanos, workshops de cartografias, seminários sobre Dança e Urbanismo entre outras atividades, algumas delas propostas pelas Escolas de Arquitetura e Dança da UFBA. Esses trajetos são banhados de nossas impressões e subjetividades nos levando a múltiplas experiências na relação com a cidade, espaço concreto, e situações (agenciamento entre corpos).

A proposta para esse novo momento do coletivo é confluir as idéias e alargar as discussões sobre corpo e cidade, subtendendo as implicações discursivas impregnadas nessa relação composta por uma trama política complexa e por vezes atemporal. Pretendemos articular nosso anseio teórico na produção de ações artísticas em ambientes urbanos, configurando-se para tanto como um grupo de pesquisa que irá cartografar conceitos e desejos em que o corpo e a cidade são os maiores produtores de sentido. Dessa maneira, a pesquisa será a ação ignitora nesse momento no TeiaMUV para o desenvolvimento de ações regulares, para o intercâmbio entre outros coletivos e para uma ação artístico educativa.

As nossas atividades serão dividas em quatro ações de três meses cada durante um ano, a primeira fase estruturada para abarcar o mapeamento de grupos que exercitam a arte urbana em diversas cidades em campo nacional e internacional. Na segunda, promoveremos intercâmbio para gerar diálogo com esses grupos inicialmente por meios virtuais/web, de forma que criaremos em conjunto ativismos na rede e na cidade, com estratégias criativas para as intervenções urbanas feitas concomitantemente na cidade de salvador e nas outras cidades brasileiras que serão mapeadas (agenciadas pelos artistas dessas localidades), bem como, nos países escolhidos: Chile, Argentina, Colômbia, Alemanha e França.  

Na terceira fase exploraremos experiências de desterritorialização, cartografias e intervenções nos espaços elegidos após os intercâmbios virtuais da segunda fase. Novos espaços, os quais serão mapeados para nossas ações estrangeiras, tendo em vista o deslocamento das atuações.

A quarta fase será o desfecho desses agenciamentos com uma ação mais intimista e voltada para o investimento direto de processos educacionais com jovens na comunidade do Bairro da Paz. O desejo aqui é estimular, nos corpos que habitam campos periféricos do centro urbano, a percepção destes na relação do corpo com a cidade numa oficina intitulada Laboratórios de Dança através de experiências cartograficas, para com eles, propor ações intervencionistas impulsionadas pelos seus próprios desejos e questões. Instigar o olhar derivante de um corpo político em estado de errância, reconhecendo trajetos por uma cidade “dês conhecida”.

Todo processo será mesclado de embates teóricos do material bibliográfico, organizados na primeira etapa do projeto, assim como, os registros cartográficos e intervenções serão publicados em mídias como Web site, blog, canal de youtube, facebook, e twitter. No final de cada fase publicaremos um artigo para a revista Colombiana {{em_rgência}.

Criaremos ações que tenham desde temáticas abrangentes como é o caso da ação crie você mesmo sua cidade utópica, estimulando nas pessoas a criatividade em construir heterotopias urbanas, e remetendo as fantásticas viagens das cidades invisíveis do Ítalo Calvino, bem como, ações que estejam basicamente voltadas para problemáticas ou circunstâncias que um determinado espaço oferece como construir uma
rampa, plantar uma muda, ou forjar um discurso político num palanque improvisado, num lugar onde existam reformas urbanísticas invisíveis...entre tantas outras possibilidades!

De novembro de 2010 a novembro de 2011, manteremos os encontros do coletivo para instaurar espaços de reflexões críticas e subjetivas formando uma teia de complexidades sobre nossas atitudes no mundo, criando poéticas ativistas para encontros e desencontros com o que subentendemos das relações de corpo e cidade, entre carto corpo coreo grafias urbanas. Desenvolver e problematizar nosso jeito de sentir-pensar-fazer arte através da formação em dança, intercambiando e borrando as fronteiras entre jovens da periferia soteropolitana e artistas nacionais / internacionais.